Se tem algo que
o Brasil ainda não prendeu a fazer é filme de ação. De cada 5 filmes do gênero
que são lançados, apenas 1 consegue ser realmente bom e aproveitável, enquanto
que a maioria são piadas em forma de filme de ação. E é nesse padrão que
encontra-se o mais novo longa “Operações Especiais” acaba se encontrando.
A história
se passa cidade fictícia de São Judas do Livramento, a população está chocada
com o assassinato de duas crianças. Preocupado com a violência crescente no
lugar, o governo recruta o delegado mais ficha limpa da corporação para
executar uma força-tarefa. No começo, o trabalho até dá resultados com a
aplicação de leis rígidas, mas a população começa a desaprovar a forma como a polícia
age.
Tomás Portella
vem de uma carreira bem instável, ele dirigiu um grande sucesso de bilheteria
no ano de 2011, “Qualquer Gato Vira-Lata” e “Isolados”, no ano passado, que
segue uma fórmula pouco explorada em nosso cinema que acaba se perdendo em seus
momentos finais. Agora ele dirige e assina ao lado de Martina Rupp o roteiro de
“Operações Especiais”.
Tomás como
diretor do filme nos entrega uma direção segura de si, com cenas de ação bem
ageis, que lembram em certos momentos até algumas produções medianas de
Hollywood, mas o maior problema do filme é sua incoerência no roteiro. Eles
resolveram deixar cada personagem em uma forma tão caricata que soa como piada
alguns momentos do filme, já que temos a mulher bonita que resolve testar seus
limites depois de sofrer um “trauma”, o homem que não sabemos ao certo se é bom
ou mau mas que acaba desenvolvendo um potencial pra ser o par romântico da
protagonista, o macho alfa que acha que ele é o bonzão e que sabe de tudo e o
delegado com jeito de bravo que tem momentos de comédia.
E nesse ponto
que o filme começa a perder sua credibilidade, os momentos mais tenso são
feitos com diálogos saídos das piores novelas e é impossível não rir em
diversos momentos chaves, devido a isso, o jeito caricato dos personagens que
acabam estragando boa parte do filme além de claro, um roteiro bem abaixo do
esperado.
O elenco podemos
dizer que temos mais baixos do que altos, Cléo Pires dando vida a protagonista
Francis é algo totalmente apagado e forçado, a atriz não consegue se manter em
um filme de ação. A atriz se mostra despreparada pro papel e infelizmente a
força que a personagem pede não consegue se passada em tela pela atriz.
Os
atores Fabrício Boliveira e Thiago Martins sofrem do mesmo, o personagem de
Boliveira mantém um nível de altos e baixos mas toda a vez que ele e Cléo
contracenam não conseguem convencer como dupla. A cena de sexo dos dois é a
mais desnecessária do longa, porque simplesmente eles não conseguem criar um clímax entre ambos personagens. Porém o personagem de Thiago Martins e da
Fabiula Nascimento são de longe os piores, simplesmente pelo fato de ser algo
que beira a comédia.
Thiago Martins não consegue passar o tipo de policial
machista, valentão, que acha que só ele sabe das coisas que acontecem na
delegacia e sobre a personagem da atriz Fabiula Nascimento, é de longe a mais
desnecessária do longa inteiro. Caricata demais, Fabiula erra ao dar aquele
sotaque forçado do interior de São Paulo e toda vez que abre a boca em cenas
com os personagens é digna de uma esquete da Zorra. Sobra apenas para o
veterano Marcos Caruso, ter o destaque merecido na pele do delegado. Caruso nos
entrega cenas boas envolvendo ação e comédia, que não soam tão superficiais
como acontece nos demais personagens.
Infelizmente “Operações
Especiais” possuí boas cenas de ação em meio a um roteiro pífio, digno de um
episódio de seriado policial da Globo e atuações que não conseguem convencer a
maior parte da plateia. O filme está sendo vendido como um novo “Tropa de Elite”,
porém ele consegue se sair melhor que o horrível “Segurança Nacional” e “Federal”.
Não será dessa vez que vamos ter um novo sucesso do gênero, apenas mais um no
meio de tantos outros do gênero.
Nota: 4.5/10