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Crítica - A Colina Escarlate




Existem alguns diretores que sabem exatamente o tipo de produto que gostam de trabalhar, como por exemplo Roland Emmerich sabe fazer muito bem mega produções sobre catástrofes, Quentin Tarantino usa e abusa da violência extrema em seus longas e temos então o mexicano Guillermo del Toro, que sabe como ninguém criar universos fantásticos e fantasiosos. Seu mais novo longa é a prova disso, “A Colina Escarlate” é um romance sobrenatural que só ele sabe comandar.

 
O filme narra a história de  Edith Cushing (Mia Wasikowska), uma jovem garota que sonha em ser escritora. Ela vive com o pai (Jim Beaver) em Londres e ainda sofre com a perda da mãe quando criança. Ela começa a se interessar por Thomas Sharpe (Tom Hiddleston), um sujeito misterioso e sedutor que está sempre na companhia da irmã mais velha Lucille (Jessica Chastain). Os dois moram nos Estados Unidos, mas passam uma temporada na Europa em busca de investimentos para uma invenção de Thomas. Envolvida pelo sujeito, Edith decide largar tudo para trás e se mudar para a casa dos irmãos, uma mansão localizada numa região conhecida como Colina Escarlate. Lá, a jovem passa a conviver com aparições estranhas e com uma postura estranha de Lucille, que farão seu dia a dia algo mais sofrido do que esperava. A partir de então, ela tentará descobrir o que realmente acontece (ou aconteceu) no local. 

 
“A Colina Escarlate” é um projeto que marca a volta do diretor ao terror desde “O Labirinto do Fauno”. Nesse meio período, Guillermo não esteve tão ausente do universo sobrenatural, já que produziu os filmes “Mama” em 2013 e a série “The Strain”. Mas como diretor, ele estava envolvido em outros projetos como Hellboy e Círculo de Fogo.

 
Para quem procura grandes sustos, este é um filme equivocado, pois aqui o que você realmente vai encontrar é a construção de uma atmosfera assustadora. Então esqueça os pulos na poltrona, porque neste filme você não vai encontrar, mas o espectador vai encontrar cenas em que certos momentos poderá gerar um desconforto, no que está acontecendo. 

 
Guillermo presta uma singela homenagem aos filmes de terror mais antigos, com a utilização de fade-outs em determinados momentos. 

 
“A Colina Escarlate” não é um filme sobre fantasmas e sim um filme com fantasmas, fazendo esses personagens não serem importantes para a parte central da narrativa. 

 
Se há oito anos atrás, “O Labirinto do Fauno” surpreendeu a todos da Academia ao faturar as estatuetas de Direção de Arte, Fotografia e Maquiagem,  aqui mesmo sendo um pouco inferior ao outro, “A Colina Escarlate” consegue ser o filme mais deslumbrante do ano. Sua fotografia e figurinos são algo digno de premiações. A Mansão onde a trama passa é ao mesmo tempo macabra e belíssima, onde cada detalhe é importante. Sabemos que as estações do ano estão mudando sem ter a necessidade ter tomadas externas, pelo detalhe cuidadoso e caprichoso da direção de arte com as cenas da mansão.  Guillermo explora bem os in-acabamentos da casa, as cenas que se passam no inverno são de longe as mais lindas, pois notamos que a casa está em ruínas, mas ver a neve cair em meio ao hall principal é único.

 
Outra coisa que impressiona no longa é o figurino construído, principalmente da personagem Lucille. A personagem sabe muito bem mesclar os tons usados em cenas, por exemplo: em cenas externas, a personagem utiliza vestidos de cor vermelha, que nos remete ao sangue e a paixão e nas cenas mais internas os vestidos são mais escuros, lembrando do passado lugar e dos segredos ali enterrados. Outra personagem que se veste bem é Edith, que em momento algum utiliza cores neutras ou fracas, a maior parte dos seus vestidos são bem destacados para ir de contraponto com os da personagem Lucille.

 
Sobre elenco temos grandes atuações e outras que estão sob medida. O grande destaque do longa é sem sombra de dúvida a atriz Jessica Chastain dando vida a grande vilã do filme, Lucille, a atriz está em seu melhor momento e conseguimos sentir que a atriz realmente entrou no universo criado por Del Toro. Tom Hiddleston está vontade fazendo novamente o papel de vilão/galã sedutor, misterioso e ameaçador, mas faltou alguma coisa para ele conseguir chegar perto da atuação de Chastain. 

 
Infelizmente quem surge apaga em meio a eles são os atores Charlie Hunnam, numa participação irrelevante e que não acrescenta quase que em nada para a trama e a protagonista vivida pela atriz Mia Wasikowska, que não consegue ter forças para competir diante da atuações de seu antagonistas. Sua Edith até consegue ser simpática mas em certos momentos soa como um pouco irritante.

 
“A Colina Escarlate” pode funcionar realmente como um bom filme sobrenatural mas para quem procurar um filme de terror, este vai ficar devendo. Suas duas horas de filme podem ser prejudicadas por um ritmo lento até a metade da projeção e por um ritmo mais ágil a partir do momento em que os segredos começam a ser revelados. 

Guillermo Del Toro nos entrega um produto realmente impecável diante dos olhos mas que não tem a força de “O Labirinto do Fauno” devido a algumas falhas em seu roteiro.  Vá assistir com ou sem medo e preparem-se para duas horas de aula de cinema fantástico.

Nota: 9.5/10
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