[Especial Oscar 2015] - Crítica - Sniper Americano
O mais novo longa de Clint Eastwood, conquistou recentemente um feito memorável: o filme foi o maior lançamento hollywoodiano na história para o mês de janeiro – batendo um recorde que pertencia, até então, ao megalomaníaco Avatar, de James Cameron. Esse fato ilustra uma verdade: o público norte-americano é patriota e dá valor ao seu país. O filme arrecadou mais de U$ 200 milhões apenas nos EUA e 6 indicações ao Oscar 2015, incluindo o de Melhor de Filme. Porém isso não faz com que o filme seja 100% perfeita, há alguns defeitos ao longo do caminho.
O filme é roteirizado por Jason Hall, baseado no livro escrito pelo próprio Kyle ao lado de Scott McEwen e Jim DeFelice, colocando na balança a vida pessoal do atirador.
O filme é uma adaptação da autobiografia de Chris Kyle, um soldado de elite do exército norte-americano, considerado o atirador mais letal da história. Após anos servindo seu país, o combatente morreu em 2013 durante um exercício de tiro no Texas, quando foi assassinado por um veterano de guerra com problemas psicológicos. A narrativa acompanha Chris em suas quatro missões, período em que matou mais de cem pessoas – se tornando, assim, uma lenda viva em sua corporação.
Sniper é o típico filme que Hollywood adora levantar a moral, entregando inúmeros elogios e levando milhares de pessoas ao cinema, só que nem sempre cumprindo com sua proposta. Não estou dizendo que o filme é ruim, há um ponto em Sniper Americano que é irrepreensível: a atuação de Bradley Cooper, que acabou lhe dando uma chance ao Oscar de Melhor Ator. O ator ganhou alguns quilos e músculos a mais ficando fisicamente impecável, o que mostra que o ator realmente se entregou para o papel e sua performance. Assim como Matthew McConaughey, o ator com esse filme se distanciou daquele rapaz de olhos claros que protagonizava comédias românticas por vezes sem graça. O ótimo trabalho de fotografia do longa, assim como sua edição, som e efeitos especiais, cuja a qualidade ficava explicita nos momentos mais oportunos da trama.
Se temos que destacar duas coisas que soam em desarmonia foram: o roteiro escrito por Jason Hill e a direção de Clint. Mesmo que Clint se posicione de uma forma competente nas cenas de ação, o diretor peca principalmente nas sequências mais dramáticas, onde as questões familiares e pessoais de Kyle foram tratadas com superficialidade. Não sei se a ideia aqui foi transformar o Chris em um grande herói de guerra (como realmente ele poderia ter sido), mas o roteiro não foi capaz de fazer isso. Com isso, quem vê Sniper Americano fora dos Estados Unidos pode não sentir e se identificar com o personagem central, além que muitos podem achar irreal sua obsessão.
Tendo em vista que ele é impecável na parte técnica, Sniper Americano pode não fazer uma boa carreira fora dos Estados Unidos. Aliás, nem lá Sniper Americano é unanimidade. O filme vem recebendo uma enxurrada de críticas negativas devido a sua propaganda de guerra – afinal, louvar um homem que tirou a vida de tanta gente, soa como uma hipocrisia.
Sniper Americano é mais um engrandecimento ao povo norte-americano do que uma biografia elogiável. Tanto que ele acaba se tornando um filme mediano para um diretor tão conceituado.
Nota: 7.0/10