Talvez 'Ponte de Espiões' não seja um dos favoritos ao Oscar, ou um dos primeiros filmes nas listas de fim de ano, mas sua qualidade é inegável. Inegável, no entanto, por dois fatores. O primeiro deles é de um dos maiores diretores (se não o maior) de todos os tempos, Steven Spielberg não mais dirige, e sim dá aula. O segundo fator sendo Tom Hanks, também um dos melhores se não melhor ator de todos os tempos, é praticamente impossível algo dar tão errado que não seja ótimo.
A história é sobre dois espiões, Francis Gary Powers dos Estados Unidos, e Rudolf Abel da União Soviética. É trabalho de James B. Donovan, advogado do espião soviético, realizar a troca entre os prisioneiros, enquanto um estudante americano tenta atravessar o muro e é preso como espião na Alemanha Oriental (Abel sendo preso da Ocidental), o que coloca Donovan em uma posição complicada entre fazer o certo, e o que lhe foi mandado.
O enredo é um tanto quanto batido e simples, sendo uma história secundária (se não terciaria) da Guerra Fria, sem focar em momento algum em combates ou cenas de bombardeio. O mais próximo disso são as cenas do Muro de Berlim, que apesar de pouco trabalhadas foram apresentadas de forma incrivelmente simples, como se aquela realidade fosse comum, e era naquela época.
Os personagens foram trabalhados de forma que fosse apresentado o que seria importante. Nenhum deles vai figurar como um clássico do cinema, ou um ícone, apesar do ótimo trabalho de todos os atores. Mark Rylance e seu Rudolf Abel seriam o mais próximo disso. E feliz, ou infelizmente, quando Tom Hanks interpreta alguém, ele é Tom Hanks, em toda sua grandeza. James B. Donovan também é um personagem real, e ajudou na troca ou libertação de mais de 1.000 prisioneiros enquanto vivo, e para lhe representar ninguém melhor do que alguém que vai fazer exatamente o que deve ser feito, do jeito que deve ser feito, mas ainda sim com a impressão de que ele sabe que o que está fazendo não é algo comum.
Vejo Hanks e Spielberg sendo indicados a diversos prêmios, o enredo muito relevante, mas pouco dramático e um tanto anti-climax (com o único ápice sendo na maravilhosa cena da ponte) deve segurar o filme para fora das maiores indicações. Não é o melhor trabalho da carreira de nenhum desses dois titãs do cinema, mas é mais um motivo para apreciá-los como tais.
Nota: 8.0/10
Nota: 8.0/10