A Disney quando lançou uma releitura
de seu clássico “Alice no País das Maravilhas” em 2010, uma nova febre em
Hollywood chegava: a de recriar então clássicos infantis em histórias mais
maduras e adultas. Diante dessa febre tivemos grandes produções como Cinderela,
Malévola, João e Maria - Caçadores de Bruxas e algumas outras bastante
duvidosas como: A Garota da Capa Vermelha, Espelho Espelho Meu, Branca de Neve
e O Caçador. Eis que agora quem se arrisca nesse campo é a Warner Bros, que
traz uma nova visão do clássico escrito por J.M Barrie: Peter Pan.
Nesta
nova visão a história é a seguinte: Peter (Levi Miller) é um garoto de 12 anos
que vive em um orfanato em Londres, no período da Segunda Guerra Mundial. Um
dia, ele e várias crianças são sequestradas por piratas em um navio voador, que
logo é perseguido por caças do exército britânico. O navio escapa e logo ruma
para a Terra do Nunca, um lugar mágico e distante onde o capitão Barba Negra
(Hugh Jackman) escraviza crianças e adultos para que encontrem pixum, uma pedra
preciosa que concentra pó de fada. Em pleno garimpo, Peter conhece James Hook
(Garreth Hedlund), que tem planos para fugir do local.
Essa nova aventura é comandada pelo
diretor inglês Joe Wright, responsável pelos belíssimos Orgulho &
Preconceito (2005) e Desejo e Reparação (2007), e o diretor teve uma dura e
árdua missão de comandar seu primeiro filme de fantasia e também voltado para
um público bem diferente do qual ele está acostumado a trabalhar. Mas o saldo final foi mais que positivo,
porque ele está super confortável e à vontade com esse universo mágico que o
filme traz. O uso do 3D está excelente e consegue fazer com que todos embarquem
nesta aventura.
O elenco todos estão bem porém há uma única exceção. Os destaques ficam por conta de Levi Miller, que faz sua grande estreia nas
telas do cinema. O jovem britânico de 13 anos esbanja carisma e simpatia em
toda as cenas, podemos dizer que ele pode se tornar o novo Asa
Butterfield. Hugh Jackman transforma o
seu Barba Negra em algo divertido e assustador, depois de ver o ator em tantos
papeis sérios, é bom ver ele em um papel diferente do que estamos acostumados a
ver. Rooney Mara não lembra em nada a atriz que surgiu em Os Homens que Não
Amavam As Mulheres, aqui ela dá vida a Princesa Tigrinha e vai despertar em
Gancho um sentimento que vai além da amizade e em Peter vai revelar e guia-lo
em sua jornada. Rooney se sai bem no papel e suas cenas com Miller são mil
vezes melhores que com Hedlund. Falando nele, Garret Hedlund é o único do
elenco que está em uma interpretação mecânica. O Gancho dele é tão forçado, tão
canastrão, que toda vez que entra em cena suas frase são motivos de vergonha
alheia, derrubando um pouco a qualidade das cenas com os outros atores.
Porém o maior problema de Peter Pan é
seu roteiro, ele é pouco desenvolvido e praticamente sabemos na metade do filme
como ele realmente vai terminar. Alguns
temas que poderiam ser tratados com mais seriedade, como no caso a exploração
do trabalho infantil, é apresentado de uma maneira pobre e desleixada. Os diálogos apresentados são em sua maior parte bons, porém quando os que
saem da boca de Garret Hedlund são bem pobres e previsíveis. A cena
final de Hedlund e Miller é de longe a cena mais desnecessária do longa todo,
estragando o ato final.
A direção de arte do longa é uma das
mais lindas de 2015, é colorida, vibrante, figurinos que enchem os olhos , que
parece que estamos realmente naquele lugar e com aquelas pessoas.
Peter Pan não é um filme ruim e também
não é o melhor blockbuster de 2015, porém se a missão é passar 2h vivendo uma
aventura no qual você desliga o cérebro e curte aquilo que está acontecendo em
tela, pronto, você encontrou o filme perfeito para assistir. Mas infelizmente,
diante a tantas ótimas produções estreando, a história do menino que não que
crescer pode passar despercebida e não fazer o sucesso que merece ou se igualar
as outras adaptações de contos infantis. Quem sabe não seja a hora dos estúdios
deixarem os contos de fadas com o o único estúdio que entende disso: a Disney.
Com um pó de fada e acreditando na
aventura que está prestes a embarcar, tenha certeza, que Peter Pan vai ser o
filme favorito dessa reta final de ano.
Nota: 8.0/10