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[Oscar 2015] - Crítica: A Teoria de Tudo



“A Teoria de Tudo” conta a história do famoso físico Stephen Hawking e é inspirado no livro: “Travelling To Infinity: My Life With Stephen”, escrito por sua ex-esposa, Jane Hawking. 

A adaptação mostra Stephen passando por todas as dificuldades de sua doença que cada vez mais o limitava de realizar certos movimentos musculares, como andar, mexer os braços, falar, e até mesmo, comer ou respirar adequadamente. Mas apesar de todas as limitações que a vida lhe deu, não o impediu de continuar a provar suas teorias, que são tão importantes para o mundo hoje. 

Interpretados por Eddie Redmayne e Felicity Jones, o futuro casal se conhece em uma festa de estudantes de Cambridge. Hawking, um completo nerd, doutorando em física, acaba sendo encantado e cativado (assim vice-versa) pela bela Jane, uma estudante de artes e a partir desse encontro uma relação começa a surgir. Ao mesmo tempo que acompanhamos o nascimento desse romance, o roteiro de Anthony McCarten, também trabalha em cima da formação da tese de Hawking – que ainda não decidiu ainda o tema central de sua tese e a sua genialidade desperta a ansiedade por parte de seus colegas acadêmicos. 

É brilhante ver como o desenvolvimento do casal é abordado, no começo somos apresentados a uma bela história de amor e que, no final se torna até trágica. A dúvida que paira na cabeça de Jane é: Até que ponto ela consegue aguentar tamanho sofrimento, se o que ela mais procurava era apenas formar uma família perfeita com seu marido. Essa dúvida que paira na cabeça de Jane surge e se torna cada vez mais constante quando Stephen se revela portador de uma doença causada pela degeneração dos neurônios motores, chamada de Esclerose Lateral Amiotrófica. 

Essa doença consiste basicamente na perda de movimentos musculares, e isso resulta a Hawking, uma vida sem poder causar qualquer tipo de movimento. E é isso que talvez impeça Jane de viver seu conto de fadas ao lado de Hawking. Saindo um pouco da história do filme e entrando no elenco do filme, Redmayne, desde cedo nos oferece indícios, mesmo que alguns sejam óbvios e outros nem tanto, de sua já preocupante condição. 

Através do ator, enxergamos um Stephen desajeitado, de um andar curioso e movimentos estranhos dos dedos das mãos. Mesmo que ninguém soubesse de sua história, já poderíamos suspeitar de algo não estava certo. Mas fora do evidente está a qualidade do seu trabalho, através da sua retratação excêntrica de Hawking, Eddie transforma cada movimento em algo completamente natural – em momento algum do filme enxergamos sua atuação como forçada, a percepção tida pelos espectadores é que ele realmente passa por aquelas dificuldades, seja nos minutos iniciais do filme, ou nos momentos finais , praticamente todo paralisado. 

Um dos fatos mais notável, é que mesmo sem poder movimentar a maior parte do seu corpo, podemos sentir suas emoções, quando seu simples olhar transmite alegria, tristeza, raiva ou ciúmes, amplificando ainda mais a carga dramática do filme. 

Porém Redmayne não está sozinho em tela, ao seu lado está Felicity Jones (do insonso “O Espetacular Homem-Aranha 2 – A Ameaça de Electro” e do belíssimo “Loucamente Apaixonados”), que nos entrega também uma atuação sincera e convincente na pele de Jane Hawking, uma personalidade que chega a ser difícil de acreditar que exista, tamanha seja tudo o que ela já passou. É de Jones, a maior parte da construção da narrativa, trazendo consigo todo o peso de cuidar de uma família inteira por conta própria. 

A química entre Redmayne e Jones é tão sincera e real, que acreditamos no drama e nas desavenças entre os dois, mesmo que por menor que seja, conseguimos entender ambos os lados. Um ponto negative do filme é que às vezes o roteiro de McCarten, em certos pontos tentar transformar Jane em uma vilã – algo desnecessário, tamanho o sofrimento que ela passou. 

Quem também dá luz às estrelas desse universo é a emblemática trilha sonora de Jóhann Jóhansson, indicado ao Oscar e também responsável pela trilha sonora de outro candidato: Foxcatcher – Uma História que Chocou o Mundo. Jóhansson emprega suas melodias diversas vezes a fim de, em conjunto com a imagem, construir as diversas elipses presentes no filme. 

Com músicas marcadas pelo piano, o compositor intensifica consideravelmente a carga dramática, trazendo o que faltava para as lágrimas escorrerem dos olhos dos espectadores, que certamente saíra comovido da sala de cinema. Esse mesmo trabalho faz funcionar as sequências que fazem uso de uma fotografia mais documental, como antigas filmagens de família, aqui o som fica em segundo plano, permitindo que o ritmo não seja quebrado. 

A fotografia de Benoît Delhomme faz um ótimo trabalho de coloração, trazendo não só os toques de envelhecimento para cada fotograma, como elaborando efetivas metáforas para o caráter cosmológico. A direção de James Marsh é muito bem vinda e inserida de uma forma que não se torna cansativa, deixando o filme ainda mais completo. 

A Teoria de Tudo não é um filme sobre a Física e sim sobre um físico e sua resistente companheira de luta e é merecedor de todos as indicações do Oscar 2015, um longa que será apreciado por qualquer espectador. 

Nota: 7.5/10
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