Piadas sobre tudo. Brancos, negros, gays, héteros, pessoas famosas, pessoas comuns, nerds, piadas sobre morte, desastres, doenças, drogas, sexo e a lista continua. 'Ted' é um tipo de filme que sempre vai receber preconceito pelo fato de que muitas pessoas não aceitam o tipo de brincadeira que está sendo imposta e como está sendo imposta. Uma linguagem recheada de palavrões, e que não teme em ser direta e não se importar com quem estará ouvindo.
Continuação direta do primeiro filme, o longa consegue se desprender de forma inteligente. A ausência de Mila Kunis, divorciada do personagem de Mark Wahlberg, não é vista, mas é sentida ao vermos a dificuldade do personagem em superar o ocorrido. Amanda Seyfried é adicionada de uma forma não forçada, e a volta do vilão Dony (Giovanni Ribisi) também ocorre de forma natural, tudo é claro, narrado na voz do grande Patrick Stewart ('X-Men', 'Star Trek'). Foi aberto espaço ainda para uma participação bem vinda de Morgan Freeman, e para as participações especiais (todas ótimas) de Liam Neeson, Jay Leno, Jimmy Kimmel e Tom Brady, o qual faz parte de uma das melhores sequências do filme, além da maior assiduidade de Sam J. Jones. Mas é claro, caso você saiba pouco sobre a cultura americana, se Comic-Con para você não significar nada, e se Saturday Night Live não for de seu conhecimento, se a própria série 'Family Guy' não lhe representar nada, então muitas piadas passarão direto por você.
O humor de 'Ted' como já dito, é negro, o que causa criticismo da maior parte dos críticos e do público, mas dentro do que se propõe a fazer, o filme é um prato cheio. Sequências completamente sem noção, personagens totalmente estereotipados, piadas de referência como "Você já viu qualquer filme? Samuel L. Jackson é o cara negro", ou "O novo Superman é Jonah Hill". Infelizmente, caso você consiga passar o filme todo sem rir, é por que está fazendo força.
Quanto à atuação, é muito importante frisar que 'Ted' é um filme de comédia, sobre um urso de pelúcia falante, sem qualquer outra explicação, então se você pretende levá-lo a sério, o errado não é o filme e nem os atores, que só refletem a ideia geral do longa. Wahlberg é um John Bennet que parece que não vive na mesma terra que nós, Amanda Seyfried está um tanto quanto abobada no papel, mas não deixa a desejar, muito pelo contrário, se não vemos química entre os dois, é pelo menos divertido ver suas cenas juntos e imaginar o que Ted falará em seguida.
Em relação ao primeiro filme, diferente do que a grande maioria pensou quando assistiu, acredito que 'Ted 2' tenha uma história mais relevante, e deixa de focar apenas em como é a vida do ursinho e sim nos dá um conflito de verdade. E o que muitos podem não perceber, mas o julgamento se Ted tem ou não uma alma e deve ser considerado um humano, é uma referência e crítica à história de nossa sociedade, e o trecho do escravo 'Kunta Kinte' exibido deveria servir como lembrete.
Não é uma obra prima da ficção, vai agradar menos da metade do público, vai incomodar a maior parte, mas 'Ted' se preocupa em ser o que a maioria dos filmes de comédia não são hoje em dia, um humor verdadeiro, pesado, mas que tem com a principal intenção fazer a todos rirem. Assim como tudo que McFarlane já fez, a qualidade do filme vai depender do espectador, pois o que está sendo apresentado vai fazer rir àquele que foi lá para isso, sem se importar com consequências.
7.5/10