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O Que Deu Certo e o Que Deu Errado no Grammy 2015

A 57ª edição do Grammy Awards aconteceu ontem (9), no Staples Center, em Los Angeles. A premiação começou empolgante e divertida, no entanto enrolou de mais entre os principais prêmios, além de causar polêmica mais uma vez por escolhas duvidosas. 


A Cerimônia

Se dessa vez não tivemos uma apresentação para ficar na história como 'Get Lucky' no ano passado, neste ano a simplicidade e a quantidade de bons números impressionaram na premiação. De Usher e Stevie Wonder à Rihanna, Kanye West e Paul McCartney. A grande abertura de AC/DC e o ótimo fechamento de Beyoncé, John Legend e Common. Além é claro de Madona mostrando por que é chamada de rainha, Katy Perry mostrando que também sabe cantar e Lady Gaga que pode ser comportada. Sam Smith e Ed Sheeran se confirmaram como ótimos apresentadores, e Adam Levine confirmou que já está na hora de deixar o Maroon 5. 


A cerimônia principal começou com AC/DC apresentando o clássico 'Highway to Hell' que até hoje ainda faz as plateias levantarem, e esquentou todos para o resto da premiação, no entanto três horas e meia são difíceis de se manter aquecido ainda mais quando LL Cool J mantém sua apresentação morna, sem emoção e muito regrada, o que deixa tudo arrastado e apenas se espera pelos próximos números e prêmios. Os Hosts alternativos também não fizeram bonito, fora por Jamie Foxx e Stevie Wonder que protagonizaram um momento cômico e agradável a todos os presentes com piadas sobre o próprio Stevie. 


Após as primeiras introduções, Ariana Grande subiu ao palco com 'Just a Little Bit of Your Heart', que apesar de muito bem apresentada continua divergindo o estilo e imagem que a cantora quer passar, enquanto em seus clipes é divertida e agitada e em performances ao vivo fica um tanto introvertida. Jessie J e Tom Jones não acrescentaram nem diminuíram, passando quase despercebidos. Miranda Lambert fez mais do que se esperava dela, no entanto seria Kanye West que reascenderia a cerimonia com uma performance simples e bonita da música 'Only One'. Seguido por Madona, grandiosa como sempre (mesmo que "reutilizando" ideias de Beyoncé ao abrir as performances com vídeos e falas) com 'Living for Love' e Ed Sheeran com uma tocante performance de 'Thinking Out Loud" ao lado de John Mayer deram conta de repaginar o espetáculo


A Eletric Live Orchestra fez pouco barulho, e precedeu Adam Levine e Gwen Stefani que subiram ao palco para fazer uma boa performance, reforçando que talvez a melhor escolha para o vocalista do Maroon 5 seja experimentar novos horizontes, e não as mesmas músicas recicladas a cada trabalho novo da banda. Hozier e Annie Lenox levantaram a platéia com o sucesso crítico e comercial 'Take me To Church' e com a clássica 'I Put a Spell on You'. Pharell assustou a todos com sua tentativa pouco convencional de apresentar 'Happy', que apesar da qualidade enjoou ao ouvido de muitos, e Katy Perry fez uma boa apresentação vocal de 'By the Grace of God', canção que remonta a seus primórdios na música Gospel. Destaque para o discurso do presidente americano, Barack Obama, antes da apresentação de Katy, discursando contra a violência doméstica nos Estados Unidos.


Tony Bennet e Lady Gaga fizeram uma apresentação simples, no entanto impressionando pela afinidade entre os dois, apesar de Gaga desafinar em alguns momentos. Usher fez um belo tributo a Stevie Wonder com 'If It's Magic', apresentação que contou com a participação do músico que foi homenageado pelo Grammy neste ano e também mostrou que Usher ainda é um grande cantor. Eric Church, Brandy Clark e Dwight Yoakam foram apenas peças de encaixe para não abafar Usher com uma das apresentações mais esperadas da noite, quando Rihanna, Kanye West e Paul McCartney se juntaram para uma simples, porém incrível performance de 'FourFiveSeconds', que sucedida por 'Stay With Me' de Sam Smith, o nome da noite, junto à Mary J Blige, preparou para o climax final da cerimonia. 


Juanes se apresentou antes de Sia, que com 'Chandelier' arrancou aplausos. A mesma foi sucedida pelo "vilão" da noite, Beck, cantando com Chris Martin 'Heart is a Drum'. A melhor apresentação ficou por conta de Beyoncé e sua calorosa e precisa interpretação de 'Take My Hand, Precious Lord', que coroou o atual status da cantora. John Legend e Common finalizaram com uma tocante apresentação de 'Glory', um tributo ao filme 'Selma', que conta sobre a luta de ativistas negros pelas leis civis nos Estados Unidos, e que está indicado ao Oscar de Melhor Canção Original. 


O sentimento ao final da premiação foi o de um excesso de apresentações menos importantes entre os shows mais esperados, e de que no ano que vem o Grammy precisa de um apresentador que conquiste a platéia e a mantenha aquecida. No entanto se enfatiza que a simplicidade adotada neste ano foi um ponto forte, e ofereceu o melhor de alguns artistas que souberam se aproveitar do momento para se consagrar, e de outros que mostraram ao público que ainda podem comandar um espetáculo. 


As Premiações

E sim, a polêmica se fez presente mais uma vez no maior prêmio da música americana. Antes da cerimonia principal algumas "gafes" já haviam sido cometidas. Pharell tirou Melhor Álbum Urbano Contemporâneo de Beyoncé (apesar de o último ser focado no R&B) e 'Drunk in Love' perdeu para 'The Monster' na categoria Melhor Rap/Sung. A "justiça" da noite ficou por conta de Kendrick Lamar, que recebeu dois prêmios por 'I', após ser varrido por Macklemore no ano passado.  


Durante a cerimônia principal, certas previsões se confirmaram. Sam Smith, apesar de receber exagerados três prêmios por 'Stay With Me' (mais pela falta de concorrentes a altura do que falta de qualidade), se confirmou como Melhor Artista Novo, deixando Iggy Azalea sem nenhum prêmio. Beyoncé também foi "justiçada" com 'Drunk In Love' sendo premiada duas vezes, a deixando com 20 Grammys e seu marido Jay-Z com 21, empatado com seu amigo Kanye West.


As principais surpresas ficaram por conta de Taylor sair de mãos vazias, apesar de que o álbum da cantora só estar elegível para a premiação do ano que vem, e é claro, da derrota de 'Beyoncé' na categoria Álbum do Ano, para o incrivelmente inesperado 'Morning Phase', de Beck. Katy Perry se manteve sem nenhum Grammy se quer, e Pharrell recebeu reconhecimento por 'Happy' ganhando Melhor Performance Vocal Pop. 

Confira todos os vencedores na página oficial do Grammy, clicando aqui


Momento da Noite

Kanye West, ah Kanye West, em qualquer lugar que se tenham ele e Taylor Swift juntos, a imprensa tem o que falar por uma semana. Após serem "reconciliados" por Jay-Z, os dois conversaram, posaram para fotos juntos e mostraram que o incidente do VMA de 2008 já é passado. Pelo menos para Taylor, pois Kanye teve a honra de novamente subir ao palco, e ficar a instantes de tirar novamente o microfone de alguém, desta vez, o cantor Beck. 


Beck subia ao palco para ganhar seu inesperado prêmio de Álbum do Ano, por 'Morning Phase', quando Kanye West subiu ao palco, ameaçou tirar o microfone, sorriu, e desceu. Não mais que alguns segundos para este se tornar um dos fatos mais comentados da noite. Prince (que apresentava o prêmio), Jay-Z, Beyoncé, e até o próprio Beck, deram risadas, e dessa vez ao que parece, uma boa parte do público também. Pode ter soado como uma brincadeira, mas novamente Kanye alerta para a falta de senso que as principais premiações de música americanas trazem, e pelo menos dessa vez ele tem um coro à seu favor. 


Sem tirar os méritos que Beck e seu álbum, que é muito bom por sinal, merecem, 'Beyoncé' foi mais aclamado criticamente, comercialmente e teve um impacto infinitas vezes maior, então fica de novo a pergunta, qual o critério do Grammy? Deixar Kendrick Lamar de lado e premiar Macklemore é entendível. Transformar Katy Perry em um meme por nunca ganhar também. Em ambos os casos à motivos, mesmo que não plausíveis, para se entender a escolha, mas neste último não e provavelmente todos os envolvidos na indústria da música de hoje acreditam que o prêmio deveria ter ido para Beyoncé, inclusive o próprio Beck. 


Kanye comentou após a premiação 'Beck deveria respeitar o artístico e dar o Grammy dele para Beyoncé. Estamos cansados disso porque o que acontece quando você não respeita a arte e o trabalho de alguém que entrega músicas monumentais, você desrespeita a inspiração. E nós como músicos temos que inspirar pessoas que vão ao trabalho todos os dias e ouvem o álbum de Beyoncé e são transportados para outro lugar.' Sobre o por que de não ter tirado o microfone de Beck, comentou 'Não vou fazer nada que coloque minha filha em risco, mas estou aqui para brigar pela criatividade. Esta foi a razão pela qual não disse nada hoje à noite, mas todos entenderam o recado quando deixei o palco'. Beck comentou dizendo que 'Não se pode agradar a todos. Continuo gostando do Kanye e o acho um gênio. Também achei que Beyoncé iria ganhar, afinal ela é a Beyoncé!' 

Beck realmente não tem nada haver com isso e deve ficar feliz com seu prêmio, no entanto a atitude de West é sim louvável, pois ele é um dos poucos que mostra preocupação em tornar o Grammy uma premiação justa de verdade. Sendo uma falta de respeito ou não com o vencedor, quando prêmios mal entregues como esse acontecem, todos nós, os fãs de música, somos desrespeitados.


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