É triste ouvir um álbum pensando que ‘Uptown Funk’ é uma das
joias quando ela parece ser a única. Apesar de estar bem posicionada e levantar
o registro o máximo que pôde, a música não foi o suficiente para salvar o
Uptown Special de ser um álbum, medíocre?
Ronson comentou que queria que o álbum lembrasse Stevie
Wonder, mas em momento algum é perceptível algo que relembre a genialidade que
Wonder apresentava. Faixas preguiçosas e sem motivo aparente se seguem, sem
nenhum som como base, sem nenhum tema aparente. ‘Crack in the Pearl’ é
esquecível a primeira ouvida e ‘In Case of Fire’ e ‘Leaving Los Feliz’, além de
apagar qualquer tipo de fogo, ainda podem nos deixar triste. A única faixa além
de ‘Uptown Funk’ que realmente merece destaque é ‘Feel Right’ que ainda sofre
com uma performance vocal um tanto contestável do pouco conhecido Mystikal.
Todo o hype criado por Bruno Mars levava a acreditar que outros
artistas de renome fariam parte do registro. No entanto fora a abertura e o
fechamento, cujo próprio Stevie participa, todos os outros cantores são pouco
ou nada conhecidos, o que apenas deixa um festival de música sem sentido para
ouvintes menos interessados, que estariam ali apenas pela curiosidade provocada
por Mars. A atmosfera retro, que foi criada com sucesso, cai na monotonia com
um registro sem motivação, sem um por que e principalmente sem uma identidade. Tudo
acontece, você vê que está acontecendo, mas não entende o motivo de estar
acontecendo.
Não confunda achando que o álbum é desagradável, é ótimo
para se ouvir em volume moderado enquanto participa de uma conversa com seus
amigos, ou enquanto se senta em um bar não ligando muito para o que está a sua
volta, no entanto não merece nenhum tipo de análise profunda. Entre ouvir
Uptown Special uma segunda vez, ou ligar o rádio e ter boas chances de ouvir ‘Uptown
Funk’, a segunda opção parece mais objetiva e prazerosa.
2.0/5.0