Poucos artistas sabem tanto de criação e produção musical como Jay-Z
nos dias de hoje, e TB3 é um exemplo de como mesmo um pequeno esforço desse
titã pode se tornar algo grande.
Vendas: 3
milhões+
Gravadora: Roc
Nation, Atlantic
Produção: Jay-Z, Kanye West, Timbaland, Swizz Beat, No
I.D., The Neptunes
Lançado: 08/09/2009
Destaques: Empire State of Mind, Young Forever, Run This
Town, On To the Next One
Chama-se pequeno esforço por que não temos o coração e a
alma de Jay aqui. O mais próximo é em “Empire State of Mind”, uma das melhores
músicas dos últimos anos, diga-se de passagem, quando ele usa o máximo de seu
talento natural para rimar e para orquestrar os versos, junto a vocais precisos
e emocionais de Alicia Keys. O resto do álbum flerta com a superficialidade,
mas não se enganem, TB3 ainda é um grande registro.
A produção continua impecável, sem flancos, no entanto se
repete em alguns pontos. Mais ousadia se vê onde Kanye West está presente,
‘Young Forever’, ‘Hate’ e ‘Run This Town’ são exemplos de canções que ficaram a
poucos passos de grandes registros anteriores de Jay-Z, sendo West o tempero
que faltou em boa parte do álbum. Jay, afinal, é um homem de mais de 40 anos
que conquistou tudo na música, se acomodar é comum e em faixas menos
trabalhadas como ‘A Star is Born’ e ‘Off That’ se vê isso, grandes canções em
potencial que receberam tratamento de enchimento.
Liricamente, apesar de não ser denso o suficiente para
relembrar o impacto e a polêmica que as letras de ‘Reasonable Doubt’ e ‘The
Blueprint’ trouxeram, TB3 não deixa a desejar em apresentar diferentes temas de
forma ampla e inteligente, porém a falta de um objetivo central foi o
derradeiro para a pouca profundidade do álbum. ‘On to the Next One’ e ‘D.O.A.’
foram as canções que mais passaram perto desse impacto, a primeira inclusive
causando a tão pouco presente polêmica por sua mensagem controversa e seu clipe
(um dos melhores do ano) enigmático.
Se The Blueprint 3 poderia servir como um prelúdio para
‘Watch The Throne’, ao Jay ver que suas parceiras com Kanye estavam dando certo?
Talvez, mas mais que isso foi um exemplo de como Jay-Z ainda pode se reinventar
e continuar a fazer boa música, mesmo que (repetindo) isso tenha sido um
esforço de não mais que dois terços do seu potencial. Muito se pode criticar
quando em nossas mãos o que temos é uma “falha obra prima”, perfeita do seu
jeito, mas que com um pouco mais de esforço poderia se equivaler aos grandes
clássicos de Jay-Z, que foram perfeitos em quase todos.
3,5/5