Roberto Santucci é um dos responsáveis pelo sucesso das
comédias nacionais nos últimos anos. Ele comandou dois filmes praticamente
desconhecidos pelo grande público: Bellini e a Esfinge e Olé – Um Movie Cabra
da Peste até encontrar a fórmula mágia de fazer sucesso nas bilheterias com De
Pernas pro Ar. Desde então o diretor tem engatado uma comédia atrás da outra,
várias delas sendo bem sucedidas no circuito nacional. Agora o diretor retorna
com Loucas pra Casar, sua nova parceria com o roteirista Marcelo Saback, e
oferece ao público um humor um pouco diferenciado do que estamos acostumado a
encontrar nas últimas comédias nacionais lançadas.
Em Loucas para Casar, Malu está namorando o homem de sua
vida, Samuel (Márcio Garcia), está satisfeita no trabalho, mas lhe falta a cobiçada
aliança na mão esquerda. Para ressaltar a “gravidade” desta situação, o roteiro
capricha no exagero: ela já foi madrinha em 10 casamentos e é “especialista em
pegar buquê”. Tudo isso parece lembrar um pouco a bem sucedida comédia do ano
passado “Os Homens são de Marte…E é pra lá que eu Vou”.
Porém o que Malu não sabe de Samuel, é que ele está envolvido
outras duas mulheres: Maria (Tatá
Werneck), uma mulher recatada e pudica e Lúcia (Suzana Pires), uma dançarina de
boate desbocada e bastante liberal. Todas três com facetas diferentes que, cada
uma à sua maneira, conquistam o coração de Samuel, e por isso passam a brigar
entre si.
Tudo isso soa muito clichê, já tivemos vários longas
nacionais onde mulheres disputam entre si o amor de um homem, porém aqui, em
Loucas para Casar existem dois diferenciais: o elenco do filme e o desfecho. O
primeiro graças ao timing cômico de Ingrid Guimarães, que não só convence como
Malu mas também segura as pontas em sequencias bem divertidas como a da piscina
e a surpresa para a sogra; o olhar obcecado de Tatá Werneck e suas piadas
verborrágicas – sua melhor cena com certeza é a da igreja-; e a boa caracterização de Suzana Pires, dão ao
trio o fôlego que falta a trama, que recorre ao clichês habituais. Além disso
os personagens secundários também merecem destaque: Fabiana Karla e Edmilson
Filho interpretam praticamente o mesmo tipo de personagem, porém para cada um
existe um trejeito. A primeira é super masculinizada enquanto que o segundo é
totalmente “afetado”. Porém os dois grandes destaques são as participações de
Camilla Amado e Guida Vianna, vivendo a mãe e a sogra da personagem de Ingrid
Guimarães. Camilla Amado tem o peso de
trazer o lado dramático do filme e se sai muito bem, para os mais sensíveis,
certamente as cenas de Ingrid e Camilla vai derrubar algumas lágrimas. O outro
trunfo do filme é a boa sacada do desfecho (que não irei revelar).
Loucas pra Casar consegue fugir do humor pastelão e por vezes
grosseiro que estamos acostumados a ver da parceria do Roberto e do Marcelo,
principalmente os estrelados por Leandro Hassum.
Ao final do filme, Loucas pra Casar cumpre bem a tarefa que
lhe foi proposta de ser uma comédia com um olhar feminino, investido no humor ao
retratar a angustia e a preocupação de iniciar uma vida a dois. Se as vezes ele
derrapa por cair nos estereótipos, ele consegue se segurar na eficiência do
elenco principal, principalmente com Ingrid Guimarães e Tatá Werneck. Para quem
quer ver uma comédia nacional boa diferente das últimas bombas lançadas, vale a
pena o ingresso.
P.S: Alguém avisa que Happy já cansou e aqui conseguimos
ficar com mais raiva da música, já que ela é toca praticamente em todo o filme.