Nos dias de hoje é muito fácil escrever um romance, afinal
não é algo que necessite muita criatividade. Pelo menos não aqueles que deem os
devidos retornos aos seus produtores. Pega qualquer obra de John Green ou de
Nicholas Sparks (como nesse caso), utilize a velha forma boy meets girl e coloque em seus papeis principais, atores
carismáticos e talentosos nos papeis principais.
Com direção de Michael Hoffman, acompanhamos a história de
Amanda (Liana Liberato na fase adolescente e na fase adulta interpretada pela
Michelle Monaghan) e Dawson (Luke Bracey na fase adolescente e James Marsden
quando adulto), dois adolescentes que, no inicio dos anos 90, se apaixonam e
viveram um intenso romance. Afastados pelas barreiras que só vamos descobrir no
decorrer do filme, o fato é que 21 anos mais tarde, os dois se reencontram
devido a morte de um grande amigo em comum, na cidade onde tudo começou.
Distantes por tanto tempo e tendo seguidos caminhos diferentes por inúmeras
circunstâncias, ambos colocarão o amor que um dia sentirão um pelo outro à
prova, reacendo a chama há muito tempo apagada.
Partindo de uma estrutura narrativa bem eficiente e bem
construída, o longa une presente e passado, entrelaçando a trajetória dos dois
em um jogo de causa e efeito, que vai ganhando cada vez mais força durante a
projeção e com o desenrolar da trama. Vale destacar aqui, o belíssimo trabalho
de montagem realizado por Matt Cheese, ao realizar com maestria um “ping-pong”
com passagens de cenas interessantes, apoiando-se em fusões recheadas de
significado e múltiplas camadas.
Sobre o elenco, Luke Bracey terá um longo caminho para se
firmar como galã, aqui ele não convence o público que vai conquistar o coração
da bela e cativante Amanda de Liana Liberato, o que faz com que o amor de ambos
soe um pouco forçado e “conveniente” ante o presente representado pelo casal
James Marsden e Michelle Monaghan. A fase adolescente é praticamente o que
estamos acostumados a encontrar em filmes envolvendo esse tipo de personagem,
“você é minha vida” pra cá e “você é a minha vida” pra lá, enquanto ambos
enfrentam obstáculos a serem superados, relacionados a família de ambos e aqui
não é diferente. Apesar de tudo isso, Liana Liberato se sai bem porém não
consegue carregar o filme sozinha nas costas na primeira parte.
Já no presente, somos apresentados a dois adultos amargurados
pelo tempo procurando resolver as pendencias passadas, o que, apesar de não
soar algo tão original, se torna algo mais interessante de se acompanhar, até
pela competência de Marsden, se mostrando cada vez mais adequado para o papel
de galã de filmes românticos, e especialmente Monaghan, que se mostra uma atriz
que é pouco valorizada no mercado.
De resto, o longa não traz nada de inovador. O roteiro de J.
Mills Goodloe e Will Fetters segue o padrão esperado e não apresenta nada de
novo e nenhuma reviravolta esperada em seu enredo. A trilha sonora que sempre é
um ponto de destaque em vários filmes, aqui ela beira o dispensável, além de
ser fraca e monocórdia. Sendo assim, os bons atores envolvidos e a pouca
eficiência em estabelecer um envolvimento emocional com o espectador, “O Melhor
de Mim” é de longe a adaptação mais fraca de um dos melhores livros do autor.
Infelizmente aqui, a obra se torna apenas algo que na metade da projeção já
sabíamos: uma obra bem mediana.
NOTA: 6.0/10
Crítica por Marcelo Rodriguez